mestrado

 


 

Pesquisas


A Arte de Vênus e a de Minerva na Elegia de Propércio

maria ozana nascimento de lima

DOI:

Defesa: 05/02/2019

Banca:

Paulo Martins (Orientador) 

Alexandre Hasegawa (USP) 

João Batista Toledo Prado (UNESP/Araraquara) 

Francisco Edi de Oliveira Sousa (UFC)

Financiamento: FAPESP

Esta pesquisa tem por objetivo principal investigar a composição da figura da puella nas elegias de Propércio quanto a duas artes, a de Vênus e a de Minerva. Nesse contexto, a arte de Vênus corresponde à conduta do amante elegíaco; a arte de Minerva (a princípio a arte de fiar) corresponde à conduta feminina adequada de um ponto de vista social. Assim, discutimos, no primeiro capítulo, como as duas deusas aparecem em Roma e discutimos os primeiros aspectos da relação estabelecida entre as duas na elegia de Propércio. No segundo capítulo, analisamos a deusa Vênus e seus domínios na poesia properciana, bem como a puella como a praticante das artes amorosas, de Vênus, junto com o poeta, formando o par elegíaco. No terceiro capítulo, investigamos Minerva na obra de Propércio e mais especificamente a arte da tecelagem exercida pela puella, observando como tal arte participa da configuração da amante elegíaca. As investigações de que esta dissertação é fruto revelam que, de diferentes formas, as duas deusas convocam à elegia de Propércio aspectos sociais e poéticos que contribuem na composição da figura da puella.


O êthos de Aníbal em Tito Lívio e Cornélio Nepos: imagines

Cynthia Helena Dibbern

DOI: 10.11606/D.8.2013.tde-12092013-145023

Defesa: 28/06/2013

Banca:

Martins, Paulo (Presidente) - FFLCH
Ribeiro, Tatiana Oliveira - UFRJ
Sartorelli, Elaine Cristine - FFLCH

Financiamento: FAPESP

A pesquisa tem por objetivo a reflexão acerca da construção retórica do êthos de Aníbal (247- 183 a.C.), comandante cartaginês na Segunda Guerra Púnica, no Liber de excellentibus ducibus exterarum gentium, obra biográfica de Cornélio Nepos, e nos Ab urbe condita libri, de Tito Lívio. Ambos os autores, o primeiro, scriptor vitae e o segundo, scriptor historiae, valem-se de procedimentos retóricos para criar, pela palavra, imagines visuais do temível e obstinado inimigo romano. Dessa maneira, fazem-se necessários a tradução parcial da obra e o estudo da aplicação dos conceitos da ékphrasis, da euidentia e da descriptio, procedimentos retóricos relativos ao ornatus e, portanto, à elocutio do discurso, capazes de despertar no leitor a phantasia. Nepos, em suas uitae, constrói retratos de grandes generais estrangeiros, interessando-se notavelmente pelas diferenças entre os costumes romanos e de outras nações.

Tito Lívio vê a História em termos pessoais e morais1, afirmação que pode ser deduzida de uma análise do Prefácio da História Romana. A obra tinha por objetivo a instrução moral e, dessa maneira, a persona histórica constituía-se como exemplum a ser seguido ou evitado. Aníbal, inimigo da pátria, será retoricamente vituperado ou elogiado, conforme as intenções de cada autor, que podem ser associadas, em alguns aspectos, aos ideais de cada época: Nepos aos do período Republicano, e Lívio do augustano.

A pesquisa visa, assim, à análise da aplicação do gênero de discurso epidítico nessas duas obras, proporcionando uma maior compreensão sobre a relação entre retórica epidítica e gênero histórico entre os romanos, sobre o uso de procedimentos ecfrásticos e da euidentia para a composição da figuração dos éthe, e ainda sobre o uso de exempla no gênero histórico. O desenvolvimento da pesquisa também possibilitará a reflexão acerca da relação entre história e res ficta na Antiguidade, acerca dos limites entre o res explicare e o enarrare vitam, entre o Verossímil e o Verdadeiro na Historigrafia Antiga, e ainda entre verbum e pictura.

Para a realização destes estudos e reflexões, consideramos necessária a tradução da vita de Aníbal, de Nepos, e dos trechos da obra de Lívio nos quais Aníbal é retratado, de forma que podemos conhecer seu caráter. Podemos já destacar as passagens XXI.4-5 (retrato do Aníbal jovem), XXI.10 (discurso de Hanão contra Aníbal), XXI.41, XXI.43 (discursos de Cipiãoe de Aníbal diante da Batalha de Tesino), XXII.22 (contraste entre a ação dos cartagineses e dos romanos na Hispânia), XXII.47 (Batalha de Cannas), XXII.56 (carta romana ao Senado retratando o Aníbal pós-guerra de Cannas), XXIII.45 (discurso do cônsul Marcelo), XXX.30 (discursos de Cipião e Aníbal diante da batalha de Zama), XXXII.45 (Aníbal persiste incitando a guerra contra Roma) e XXXIX.51 (morte de Aníbal).

Uma vez que o estudo almejado pautar-se-á nos procedimentos retóricos, a tradução entenderá o texto de partida como um texto histórico e retórico, afeiçoado às preceptivas destes dois gêneros, e buscará a aproximação da elocução do texto latino e da língua portuguesa, tentado reproduzir, na medida do possível, a representação visual dos textos. Ela deve contemplar também as especificidades genéricas, sendo que buscaremos a precisão terminológica, evitando o uso de conceitos modernos e observando o uso de termos retóricos e técnicos. As notas consistirão em comentários pertinentes ao estudo a ser realizado, aclarando e destacando, por exemplo, termos que apontem para o uso dos procedimentos retóricos e para a visualidade, indicações de especificidades dos subgêneros historiográficos, ou termos que sinalizem a analogia entre retórica e pintura, entre artes letradas e artes plásticas e figurativas.


Imagines Amoris: a Figuração de Amor do Final da República ao Período Augustano

lya valéria grizzo serignolli

DOI: 10.11606/D.8.2013.tde-16092013-105736

Defesa:10/07/2013

Banca:

Martins, Paulo (Presidente) - FFLCH
Bagolin, Luiz Armando - IEB
Hasegawa, Alexandre Pinheiro - FFLCH

Financiamento: FAPESP

Esta pesquisa tem por objetivo o estudo da figuração de Amor/Cupido/Eros na poesia, mais especificamente em obras de Catulo, Propércio, Ovídio, Tibulo, Virgílio e Horácio; e na pintura e escultura romanas entre o final da República e o Período Augustano; com atenção às preceptivas retóricas e poéticas de adequação ao gênero e de verossímil e, especialmente, aos lugares-comuns empregados pelos artífices para a construção da personagem.

O estudo pressupõe a busca na tratadística antiga de conceitos específicos relativos a essas artes mencionados por autores como Quintiliano, Horácio, Cícero, Aristóteles, Vitrúvio e Plínio, o Velho, para que sirvam como aparato instrumental para a discussão.

Desse modo, o projeto dá continuidade à pesquisa de Iniciação Científica que desenvolvi, intitulada Imagines Amoris (FAPESP - 2010), a qual consiste em um estudo semelhante cujo corpus, mais restrito, abrange elegias de três autores augustanos, Propércio, Tibulo e Ovídio (Amores), com enfoque específico nos poemas em que o deus é mencionado. Pretende-se, portanto, um aprofundamento do estudo da presença do deus na elegia e a ampliação do corpus da pesquisa para outros autores e gêneros poéticos, pertencentes ao intervalo temporal especificado acima. Pretende-se, ainda, desenvolver um estudo de pinturas e esculturas de Eros que foram selecionadas durante a pesquisa de Iniciação Científica, além de outras que devem ser integradas por meio de novo levantamento.

Considerando-se a poesia romana, é preocupação da pesquisa a verificação de como esses poetas romanos construíam as imagines do Amor, considerando-se o decoro quanto ao gênero, ao artífice e à recepção das obras. Assim, a partir da leitura dos poemas pretende-se verificar: primeiramente, quais os lugares-comuns empregados por cada um dos autores – Catulo, Propércio, Ovídio, Tibulo, Virgílio e Horácio – para compor o retrato tipológico da personagem, pela enumeração dos seus caracteres físicos e anímicos, das suas ações e das afecções que desperta nos amantes; em segundo lugar, os motivos associados ao deus, como seruitium amoris, militia amoris e outros; e, por fim, o emprego de figuras retóricas de amplificação que veiculam a personagem nos poemas, como evidência, écfrase, descriptio, sermocinatio, alegoria, símile, metáfora e exemplum.


Para além do limes: a Germania de Tácito em gênero e germano

Henrique Verri Fiebig

Defesa: 11/08/2014

Banca:

Martins, Paulo (Orientador) - FFLCH

Hansen, Joao Adolfo - FFLCH

Faversani, Fábio - UFOP

Financiamento: FAPESP

Os objetivos desta pesquisa podem ser divididos em três partes: 1) tradução anotada da Germania, de Públio Cornélio Tácito, do latim para o português; 2) estudo acerca do estabelecimento do gênero da obra em questão; e 3) investigação dos procedimentos descritivos utilizados pelo autor na construção de uma imagem dos povos germânicos. No que toca à tradução, teremos como critérios e propósitos a aproximação entre a elocução (elocutio) do original latino e a versão em língua portuguesa, atentando aos elementos que dão-lhe o tom, a saber: as especificidades genéricas e o estilo particular do escritor; a precisão terminológica, evitando o uso de termos anacrônicos que possam projetar conceitos modernos sobre o texto antigo e observando os usos particulares dos vocábulos e os contextos nos quais inserem-se; e a elaboração de notas de cunho linguístico, geográfico, poético-retórico e histórico-cultural.


A construção das imagines de Lívia Drusila e/ou Júlia Augusta nas letras e nas artes figurativas romanas

simone demboski tonidandel

DOI: 10.11606/D.8.2012.tde-10122012-092947

Defesa: 04/09/2012

Banca:

Martins, Paulo (Presidente) - FFLCH
Ribeiro, Tatiana Oliveira - UFRJ
Sartorelli, Elaine Cristine - FFLCH

Financiamento: CNPq

Esta pesquisa atenta-se à importância da representação imagética feminina no período Júlio-claudiano, mais especificamente de Lívia Drusila e/ou Júlia Augusta, identificando as principais características encontradas em seus retratos a cada sucessão imperial. Para tanto, fazse necessário não só o estudo de suas respectivas construções verbais e imagéticas, como também, das funções atribuídas às mulheres, tanto nas relações do poderio romano como nos contextos público e privado. Em suma, o trabalho abrangerá o estudo dos retratos imagéticos femininos romanos; suas histórias; as relações entre a imagem e o poder; os aspectos e as teorizações consideradas relevantes em suas figurações; a intencionalidade inserida nessas construções e em que medida a participação feminina influenciou nos governos de Augusto, Tibério, Calígula, Cláudio e Nero.


Écfrase e Evidência nas Letras Latinas: doutrina e práxis

melina rodolpho

DOI: 10.11606/D.8.2010.tde-26042010-111303

Livro: https://editorahumanitas.commercesuite.com.br/livros/ecfrase-e-evidenci…

Defesa: 09/04/2010

Banca:

Martins, Paulo (Presidente) - FFLCH
Oliva Neto, João Angelo - FFLCH
Prado, João Batista Toledo - UNESP, Araraquara

Financiamento: CNPq

A poesia antiga, como sabemos, seguia não apenas os critérios da teoria poética, como também utilizava recursos retóricos na sua composição. É possível estabelecer certa relação entre os discursos retórico e poético a partir, por exemplo, do tom adotado (elevado/ baixo), bem como a adoção de ornamentos (tropos e figuras), gêneros e funções retóricas também aplicadas à poesia. Todo texto tem um objetivo e, não raro, encontra-se inserido na poesia uma das três funções retóricas, a saber: docere, mouere e delectare. Portanto, se os fins são os mesmos, há lógica que os meios também o sejam.

Os procedimentos estudados na presente pesquisa inserem-se dentre os recursos que servem tanto à retórica como à poética, mas o que nos interessa é estudá-los sob o prisma dos recursos que permitem produzir imagens verbais, entramos, portanto, em outra questão muito difundida na Antiguidade, trata-se da relação entre as artes verbais e as visuais.

Adotaremos inicialmente a terminologia ékphrasis equivalendo à descriptio latina, da mesma maneira, adotamos enárgeia e euidentia como correspondentes, no entanto, no decorrer desse estudo, verificaremos que as definições e nomeação dos conceitos não são tão exatas. 

Dissertação APROVADA PELA COMISSÃO JULGADORA NO DIA 9 DE ABRIL DE 2010 COM O SEGUINTE PARECER:

Tendo em vista que a dissertação apresentada:

- mostrou uma inusitada disposição de enfrentar um assunto intricado e de difícil percurso terminológico e conceitual;

- Pelo eficiente cotejo, síntese e coerência das definições recolhidas em ampla bibliografia de fontes antigas, resolveu questões que há muito resistiam às abordagens críticas mais capazes;

- Exibiu um esforço notável de análise de exemplos selecionados;

a Banca Examinadora tem a honra e satisfação de considerar o trabalho aprovado, e insiste em recomendá-lo à publicação.


Confluência genérica na Elegia Erótica de Ovídio ou a Elegia Erótica em elevação

cecília lopes gonçalves

DOI: 10.11606/D.8.2010.tde-03032010-133009

Defesa: 19/02/2010

Banca:

Martins, Paulo (Presidente) - FFLCH
Scatolin, Adriano - FFLCH
Vasconcellos, Paulo Sérgio de - UNICAMP

Financiamento: CAPES

No final do século I a.C., a Elegia Erótica Romana desafiou os gregos e as convenções poéticas apresentando um poeta-amante que cantava suas aventuras amorosas em primeira pessoa. Como se isso não bastasse, esse eu-elegíaco se dedicava à puella como se tal tarefa fosse uma militia, um seruitium amoris, e que exigia tempo integral. Galo, Propércio e Tibulo nos apresentaram suas dominas e se negaram a servir à pátria. Ovídio foi além: seguiu seus predecessores mas fez com que seus leitores aprendessem a entender o papel de cada uma das normas na construção desse gênero. Escreveu seu primeiro livro, Amores, e , a partir daí, começou a traçar um caminho ascendente: queria sua Elegia elevada, não apenas média. Para isso, produziu recusationes, elegias programáticas e, o mais importante, confluiu gêneros. Fez uso da Epistolografia, da Retórica, da Didática e de personas e exempla míticos para compor Heroides, Ars amatoria e Remedia amoris. Nesta dissertação, mostra-se a trajetória do poeta na elevação da Elegia Erótica de Ovídio.